O sentimento que a vida muda pouco, que a rotina é sempre persistente, ainda que todos julguem o contrário.
Encontrei, no mundo, um afago. Encontrei nas mais diversas paisagens uma resposta que Deus está presente em tudo.
Aquilo que eu não ganhei de ninguém, nem de mim, eu procurei fora. Fora da casinha. Fora da zona de conforto. Que aliás, hoje é minha zona mais segura.
É fora do meu mundinho que eu sou verdadeiramente eu.
Me perdi nesses anos todos. A independência de muita coisa, me tornou um ser humano fechado.
Ao perceber essa constante ansiedade, concebi, das mais diversas formas, pensamentos uníssonos que diziam: você precisa mudar.
Ato ou efeito de mudar, alteração... mudança.
E eu fui mudando. Crescendo. Amadurecendo.
Ficando mais tolerantes para certos assuntos, muito, mas, muito menos, para tantos outros.
Passei a expor muito mais minha opinião, porém, escolhendo melhor a quem dizê-las.
Eu, que falo muito, me calei muito mais. Deixei de ser carinhosa e presente. Sou presente de vez em quando. Mas quando sou, sou muito. (e uso isso como desculpa, sempre.)
Eu tenho bastantes diálogos sozinha. Eu me confundo e me convenço bastante. Ser advogada é um inferno pessoal quando relacionado isso à pouca psicologia que conheço.
Meu problema hoje é o tempo. Da mais inusitada forma... eu dei um tempo. Passaram-se anos. Eu dei muito tempo para eu mesma.
Me entendi, me recordei de coisas que não imaginava ser possível, e me esqueci daquilo que me fazia mal. Me perdoei. Perdoei os outros. Renasci e recomecei.
Afinal... mudei. Mudei! M-u-d-e-i! (preciso repetir, para acostumar)
Mas sou a mesma em muita coisa, principalmente em coisas que me incomodam bastante.
Aí volta, a constância. A constância da insatisfação.
E eu falei um pouco do tempo... foi tanto tempo que perdi o ritmo. Perdi o passo.
Pior que isso, ainda me questiono, quanto tempo mais.
E questionarei sempre, pelo jeito. A constância do questionamento.
Não sei viver em uma sociedade assim, ou melhor, nessa sociedade que eu conheço. No meu mundo stricto sensu.
Resolvi que no mundo além, no mundo aquém, eu seria mais real, mais feliz.
Me despojando de qualquer coisa, levando comigo o necessário e conhecendo o maior número de pessoas por dias. Descobrindo quão interessantes as pessoas realmente podem ser.
Principalmente quando ninguém tem passado, ninguém está pensando em futuro, mas sim, em viver aquele presente.
Sentir o vento, sentir o sol, sentir cada gota de chuva e rir. Rir sozinha, rir em grupo. Eu me dei chance de fazer coisas que não faria por julgar tolas, ou sem razão. E com isso fui percebendo que pra nem tudo precisa ter uma razão. É muito bom ter vontade, ir lá fazer, e pronto.
Eu comecei a viajar sozinha e isso me abriu um mundo de possibilidades.
Passei a entender um pouco porque tanta gente fala frases feitas de "viva o agora", e coisas nesse sentido.
Aí, vem tanta coisa na cabeça.... a vida é um conjunto de ensinamentos, alguns obstáculos, claro, porém, tudo em prol de um bem maior. Da evolução.
E ainda que se tenha passado pela minha vida tantos obstáculos, eu evoluí o que? E quanto?
Afinal, quem responde isso?
A constância da dúvida.
Enquanto isso, o sentimento de solidão que não apazígua diante de nenhum entendimento, ou experiência. Por melhor que os sejam momentos que eu ela tenha vivido, eu o vivi só, ou com pessoas especiais que verei com pouquíssima frequência, ou nunca mais. Nunca mais mesmo, pois não trocamos um contato sequer.
A constância da solidão.
Incrível como no mundo lá fora, onde estou só, me sinto mais protegida que aqui dentro, onde tenho algumas companhias.
Protegida talvez não seja a palavra, mas, com certeza, eu me sinto mais forte para proteger eu mesma.
Apesar de todo o sentimento de tristeza que vem, as vezes, sem convite, eu acredito, de coração aberto, que tudo isso um dia vai valer a pena.
Que, além de ter aproveitado muito esta minha passagem pela vida, eu terei contemplado os mais belos lugares, ter dado as mais altas gargalhadas, os mais gostosos abraços de reencontros e despedidas, chorado as verdadeiras lágrimas, sejam de contemplação ou de saudade.
Eu sei que sempre haverá mais por aí. Estarei pronta e de braços abertos...
A constância de toda mudança: a gente sempre vive algo novo.