Suplico esquecer quão maravilhosos foram os momentos em que eu estive em seus braços.
Não consigo compreender a diferença tão imensa que vejo em ti de um dia para o outro.
É medo? É covardia? É o que?
Por que você insiste em me fazer crer que me ama, se no outro dia, você é outro?
Sinto como se, a muitos anos, eu passei a ser apenas um brinquedo pra você.
Aquele brinquedo favorito que toda criança tem.
Que ela não quer perder nunca, mas que é capaz de viver muito bem sem ele...
Você se diverte, você vive sua vida e, as vezes, lembra de mim.
E quando isso acontece, sou dominada de tal maneira que eu sou incapaz de dizer não.
Com seu pouco esforço, eu me sinto a única, a mulher certa e tenho a certeza repentina que é você que completa minha felicidade.
E pior, você me faz sentir mal por mudar tantas vezes de opinião... pelas vezes que eu acreditei que te esqueci, daqueles dias que eu jurei que jamais acreditaria em você novamente e nunca permitiria um novo encontro.
Quantas e quantas vezes eu já disse: Eu superei!
Tudo mentira! Mentiras que eu repitia todos os dias para eu mesmo, tentando tornás-la verdades e, finalmente, te esquecer.
Mas aí vem você de novo... e eu mudo tudo aquilo que eu acreditava. E sofro.
Depois de tudo isso eu só consigo afirmar que a verdade é que eu te amo.
Eu até escreveria que "eu acho que te amo"... Mas eu não acho mais nada.
É impossível sofrer tanto, se você não fosse tão importante pra mim.
Eu acredito que juntos formamos a simetria perfeita,
como duas metades iguais.
Mas você se importa?
Não parece.
E como isso é triste e doloroso pra mim.
Cada vez que você me beija e se vai, é como arrancar um pedaço do meu coração,
É quando eu me sinto tão fraca que me acho incapaz de continuar seguindo...
E o que eu posso concluir disso tudo?
Quase nada...
Todas minhas noites de insônia eu penso em escrever pra você,
Dizer tudo isso que está entranhado no meu peito...
Mas, depois disso tudo, eu acho que nem isso você merece.
Por isso estou mais uma vez neste meu cantinho, expondo meus sentimentos pra todos, menos pra você que nunca passa aqui... pois a verdade é que, apesar de me conhecer bastante, você não me conhece por completo.

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
Miguel Torga